A última vez que te vi foi numa sexta do mês passado e eu me lembro de te achar muito bonito com aquela jaqueta de couro e o cabelo recém cortado, lembro de te olhar de costas para mim e pensar que queria te abraçar e quem sabe recomeçar; dessa vez com um "Prazer, qual seu nome?" o que me fez lembrar (porque eu lembro, eu lembro de tudo e tudo são só lembranças) que não tinha como ter sido assim porque foi você, foi você quem começou sorrindo quando te encarei de volta e fazendo perguntas para pessoas próximas, mas nunca me perguntou, nunca falou o que eu sempre quis saber e não tive terceiros que pudessem me responder no seu lugar. No dia seguinte te chamei pra conversar, mas o que eu não disse é que a intenção desde a primeira mensagem era pedir um outro meio de contato ou fingir que não tinha companhia pra algo e te convidar pra ir comigo, mas ai os assuntos foram surgindo e eu não sabia mais como falar o que sempre quis dizer desde a primeira vez que cliquei no teu nome com essa mesma intenção. E eu lembro de você me encarando no ponto de ônibus, lembro da sua mania de mexer no cabelo antes de falar algo por causa da timidez, lembro de você falando sobre um vestibular com alguém e parando assim que me viu indo embora - e naquele dia eu queria ter te perguntado se você tinha algo a dizer, mas eu nunca pergunto, eu nunca consigo ir até onde quero - e então eu lembro que em todas as lembranças você está longe.
Muitas vezes eu senti que não era suficiente, o que me leva a crer que essa distância, essa demora, esse vai-não-vai foram avisos que sempre ignorei. Um aviso de que não era o que eu pensava, de que nunca foi nada do que pareceu. E se não era por que é que você fez parecer que sim por tanto tempo? Por que não deixou pra lá desde o inicio? Teria sido melhor pra mim, era melhor quando eu não me importava.
E então eu me arrependo. Me arrependo de ir atrás e de ficar acordada até uma e meia da manhã tentando fazer o assunto render e quem sabe finalmente dizer o que eu realmente queria - e essa é a única parte da qual não me arrependo, ainda bem que não falei, ainda bem que não falei, ainda bem que não falei -, me arrependo de demonstrar preocupação e de assistir uma série só pra ter assunto com você (e lembrar disso me faz querer xingar tudo o que for possível porque pra ajudar eu não consigo deixar de acompanhar a maldita série por ser boa) e me arrependo de cada palavra gasta e de cada olhar e de ser quem eu sou porque talvez se eu fosse outra teria funcionado, mas eu sou eu, e não sei ser nada além disso.
Talvez se eu fosse um pouco mais alta e não tão míope e mais interessante e quem sabe até mais baixa e fingisse que amo arte e cultura alternativa quando na verdade qualquer um que tenha acesso ao Tumblr consegue encontrar isso e fingir muito bem talvez se eu tivesse facilidade pra conversar e se eu tivesse algum talento talvez se eu lembrasse de parar pra respirar o que no caso seria uma função das virgulas mas já usei tantas virgulas com você que não as quero mais e prefiro só seguir.
Seguir com a minha vida.
E tem a banda. A banda que eu sempre ouvi e nunca me doí com isso e agora eu sei que você gosta e toda vez que abro o Spotify aparece a sua foto nos ouvintes mensais dela e eu só consigo pensar que merda que merda que merda não vou usar mais uma vírgula não vou dar uma pausa no que já decidi não vou mais uma vez me desdobrar pra fazer com que você perceba mesmo que eu tenha certeza que você percebe mas não quer então se finge de desentendido e se você não quer porque é que pediu desculpas por ser idiota e porque é que nunca encerra os assuntos e porque é que não me trata com grosseria logo que seria bem mais fácil e são mais perguntas e eu penso penso penso e lembro lembro lembro mas não vai existir uma vírgula não dessa vez não de novo eu vou seguir.
Seguir com a minha vida.
E daquela banda tem essa música que eu sempre gostei muito mas nunca dei atenção porque até então não tinha sentido pra mim e agora tem. Tem porque é autossabotagem (a única coisa que eu sei fazer muito bem e que talvez se tivesse te mostrado você se interessaria pois seria o meu talento a minha cultura alternativa as minhas fotos feias pra caralho mas que ainda assim são conceituais assim como todo o resto) é atirar em si pra livrar o outro é fingir que nada aconteceu quando isso não sai da sua cabeça porque sempre foi incerto e de incertezas eu me faço.
E se e se e se e se e se.
Pondero e olho para a vírgula.
Eu vou seguir com a minha vida.
Ninguém nunca me viu assim com essa sensação de incapacidade e com toda a ansiedade e sem pausas e tão acelerada e há um ano tudo era calmo tudo era tranquilo tudo era como sempre foi mas nesse um ano você apareceu e as vírgulas começaram e hoje eu as evito porque parar me dá esperança e eu não quero mais não quero mais não quero mais só o que eu quero é seguir.
Seguir com a minha vida.
Quero seguir como tudo era antes eu e meus interesses eu e meus amigos eu e os passados amorosos que já não me pertenciam e não voltariam por não caberem mais aqui eu como sempre fui mas pra seguir assim eu precisava nunca ter te conhecido e agora eu conheço e vou ter que seguir.
Seguir com a minha vida.
Não sou mais eu. Sou a insuficiente a que não diz a que não interessa a que é sempre ótima pra ser amiga a que pensa demais a que lembra lembra lembra e que se cala a que te ouve a que opina a que questiona a que brinca a que assiste a que tenta mas nunca eu como realmente sou aqui dentro com todas as coisas que precisam ser ditas e com meus gostos estranhos e meus textos e as crises de choro enquanto os escrevia e a falta de vírgulas não sou mais a racionalidade sou a intensidade e eu a odeio e espero que se torne fraca logo porque não consigo gostar de mim quando a sou e deve ser por isso que você também não gostou.
Todas as vezes que te olhei eu estava dizendo tudo isso e muito mais. Por que é que você não viu?
Muitas vezes eu senti que não era suficiente, o que me leva a crer que essa distância, essa demora, esse vai-não-vai foram avisos que sempre ignorei. Um aviso de que não era o que eu pensava, de que nunca foi nada do que pareceu. E se não era por que é que você fez parecer que sim por tanto tempo? Por que não deixou pra lá desde o inicio? Teria sido melhor pra mim, era melhor quando eu não me importava.
E então eu me arrependo. Me arrependo de ir atrás e de ficar acordada até uma e meia da manhã tentando fazer o assunto render e quem sabe finalmente dizer o que eu realmente queria - e essa é a única parte da qual não me arrependo, ainda bem que não falei, ainda bem que não falei, ainda bem que não falei -, me arrependo de demonstrar preocupação e de assistir uma série só pra ter assunto com você (e lembrar disso me faz querer xingar tudo o que for possível porque pra ajudar eu não consigo deixar de acompanhar a maldita série por ser boa) e me arrependo de cada palavra gasta e de cada olhar e de ser quem eu sou porque talvez se eu fosse outra teria funcionado, mas eu sou eu, e não sei ser nada além disso.
Talvez se eu fosse um pouco mais alta e não tão míope e mais interessante e quem sabe até mais baixa e fingisse que amo arte e cultura alternativa quando na verdade qualquer um que tenha acesso ao Tumblr consegue encontrar isso e fingir muito bem talvez se eu tivesse facilidade pra conversar e se eu tivesse algum talento talvez se eu lembrasse de parar pra respirar o que no caso seria uma função das virgulas mas já usei tantas virgulas com você que não as quero mais e prefiro só seguir.
Seguir com a minha vida.
E tem a banda. A banda que eu sempre ouvi e nunca me doí com isso e agora eu sei que você gosta e toda vez que abro o Spotify aparece a sua foto nos ouvintes mensais dela e eu só consigo pensar que merda que merda que merda não vou usar mais uma vírgula não vou dar uma pausa no que já decidi não vou mais uma vez me desdobrar pra fazer com que você perceba mesmo que eu tenha certeza que você percebe mas não quer então se finge de desentendido e se você não quer porque é que pediu desculpas por ser idiota e porque é que nunca encerra os assuntos e porque é que não me trata com grosseria logo que seria bem mais fácil e são mais perguntas e eu penso penso penso e lembro lembro lembro mas não vai existir uma vírgula não dessa vez não de novo eu vou seguir.
Seguir com a minha vida.
E daquela banda tem essa música que eu sempre gostei muito mas nunca dei atenção porque até então não tinha sentido pra mim e agora tem. Tem porque é autossabotagem (a única coisa que eu sei fazer muito bem e que talvez se tivesse te mostrado você se interessaria pois seria o meu talento a minha cultura alternativa as minhas fotos feias pra caralho mas que ainda assim são conceituais assim como todo o resto) é atirar em si pra livrar o outro é fingir que nada aconteceu quando isso não sai da sua cabeça porque sempre foi incerto e de incertezas eu me faço.
E se e se e se e se e se.
Pondero e olho para a vírgula.
Eu vou seguir com a minha vida.
Ninguém nunca me viu assim com essa sensação de incapacidade e com toda a ansiedade e sem pausas e tão acelerada e há um ano tudo era calmo tudo era tranquilo tudo era como sempre foi mas nesse um ano você apareceu e as vírgulas começaram e hoje eu as evito porque parar me dá esperança e eu não quero mais não quero mais não quero mais só o que eu quero é seguir.
Seguir com a minha vida.
Quero seguir como tudo era antes eu e meus interesses eu e meus amigos eu e os passados amorosos que já não me pertenciam e não voltariam por não caberem mais aqui eu como sempre fui mas pra seguir assim eu precisava nunca ter te conhecido e agora eu conheço e vou ter que seguir.
Seguir com a minha vida.
Não sou mais eu. Sou a insuficiente a que não diz a que não interessa a que é sempre ótima pra ser amiga a que pensa demais a que lembra lembra lembra e que se cala a que te ouve a que opina a que questiona a que brinca a que assiste a que tenta mas nunca eu como realmente sou aqui dentro com todas as coisas que precisam ser ditas e com meus gostos estranhos e meus textos e as crises de choro enquanto os escrevia e a falta de vírgulas não sou mais a racionalidade sou a intensidade e eu a odeio e espero que se torne fraca logo porque não consigo gostar de mim quando a sou e deve ser por isso que você também não gostou.
Todas as vezes que te olhei eu estava dizendo tudo isso e muito mais. Por que é que você não viu?
Só posso te dizer uma coisa: vai passar.
ResponderExcluirObrigada Mia! <3
ExcluirLindo! Lindo! Lindo!
ResponderExcluirAmei o blog, já estou seguindo, beijos!
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