Querido refrigerante de Cola.

Querida Coca Cola.

Com lágrimas nos olhos te escrevo para dar então fim a nossa relação. Mas não pense que estou magoada, foram muitos os momentos bons que tivemos. Se hoje vou embora não é nada com você o problema sou eu. E você há de encontrar alguém melhor, mais rápido do que imagina até.

E o que falar da nossa relação? De todos os nossos altos e baixos? Lembra-se das vezes que eu me engasgava, ficava vermelha, perdia o ar, alguém tinha que bater nas minhas costas enquanto eu tossia e pedia pra Deus não me levar e você ficava ali, parada ao meu lado me encarando, dando seu apoio por mais silencioso que fosse. Das vezes que provei o quão verdadeiro era meu amor, quando ia à fast foods e mesmo tendo diversas opções a vista eu te escolhia, e nunca reclamei por você estar mais aguada do que nunca graças ao gelo exagerado que colocavam em ti, como se você já não fosse perfeita o suficiente. Ás vezes que tive seu apoio para ser alguém mais saudável e pude reutilizar sua garrafinha para colocar água. Ás vezes que não queria me sentir pesada e você me acariciava em sua versão zero. Ás vezes que podia tomar um suco natural, mas meu amor era maior, o mais puro amor. Na praia, na praça, em casa, no shopping, na escola, nas ruas dessa cidade que sem você se tornam vazias. Você me completava.

Lembra-se das vezes que não aguentei a pressão e disse que te largaria? Prometi faze-lo no fim do ano, não funcionou. No inicio de Janeiro, não funcionou. Prometi que seria no meu aniversário, em Maio, mas nós já estávamos tão distantes que achei que seria a hora certa de partir.

Saiba que este nosso último encontro não é uma despedida, mas sim um recomeço. Uma oportunidade de alguém melhor te conhecer, uma oportunidade de nossas vidas melhorarem, de termos novas experiências. E eu estarei aqui, para o que precisar, quem sabe um fim de semana desses a gente se encontra. Como diria Charles Chaplin:
"Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.
Mas existem aquelas que vem e se vão com uma enorme vontade de ficar."
Eu vou, mas com imensa vontade de ficar.
Sentirei saudades, amada.
Com carinho, sua mais fiel companheira, Tatiane.

(Tatiane, ex-viciada em Coca Cola, ingeriu a bebida pela última vez ás 13 horas e 45 minutos horário de Brasília, no dia 29 de Janeiro de 2014).

Self image 2014.

Meu nome é Tatiane, mas eu prefiro que me chamem só de Tati porque as pessoas costumam me chamar de Tatiana, e eu odeio quando tenho que ensinar a elas o jeito certo de pronunciar meu nome.

Eu ando pelas ruas querendo que não me notem e paro nos lugares querendo que me notem, sempre acontece o contrário. Eu me irrito quando puxam assunto comigo e me animo quando quem puxa o assunto sou eu. Eu não tenho paciência pra usar sapatilhas nem pra pintar a unha, mas acho lindo quem tem. Eu ajudo todo mundo e não me ajudo nunca. E todo ano eu falo que isso vai mudar. Eu comprei A Culpa É Das Estrelas e não chorei, se chorei foi de raiva por querer meu dinheiro de volta, e nunca me cansarei de falar isso. Eu passei três anos da minha vida dizendo que quando o fim do ensino médio chegasse Publicidade e Propaganda seria o meu futuro, agora o fim está perto e eu não sei mais o que pensar sobre o futuro. Eu passo os dias tentando me entender sem perceber que na verdade me entendo, e o que eu entendo a meu respeito é que sou o tipo de pessoa que não se entende. Eu sou o tipo de pessoa quieta que não gosta de conversar, mas se o assunto me interessar sou capaz de me despedir pessoalmente e te ligar pra continuar com a conversa. E acho que já disse algo parecido um pouco mais acima, o que me lembra que eu tenho muitas ideias e não sei organiza-las. Eu odiava minha aparência por usar óculos desde os quatro anos, agora sinto o peso do fim da adolescência e parei de me importar com meus "quatro olhos" pra me importar com o que é melhor para eu conseguir ler direito tudo o que preciso estudar - fico com os óculos, as lentes de contato foram esquecidas. Eu achava que tinha amigos e me importava com todos eles, agora não sei onde estão nem como estão. E sinceramente não me importo em saber. Eu já vou fazer dezessete anos e terminar o ensino médio, ainda lembro quando sai do fundamental e pensei que as coisas seriam completamente diferentes. Eu tenho mania de falar tudo rápido e baixo quando me vem muitas coisas a cabeça, sorte sua estar lendo tudo isso ao invés de ouvindo-me falar.

Agora são quase 19 horas de um domingo e estou lendo tudo isso e me perguntando se é isso mesmo, na dúvida releio no dia seguinte (segunda feira, amanhã, hoje ou quem sabe ontem, depende do dia que você está lendo isso) e depois fico me perturbando pelo resto do mês como sempre faço desde que me conheço. E essa sou eu, no inicio do ano de 2014.


Na verdade a ideia do self image foi criada pelo Eric que os publica todo ano como vídeos no YouTube. Mas a Milena decidiu fazer o self dela em forma de texto, depois de ler o dela e o da Ana me interessei e fiz também. E eu adoraria ler mais desses, agora é com vocês.


Só acontece comigo #8



O transporte público tem dado muitos "bons" momentos para compartilhar com um tom de humor nesse espaço da minha vida que reflete a alma, mas hoje a vez é do refeitório do meu local de trabalho. Inclusive recomendo aos trabalhadores que não frequentem refeitórios, comam na rua, considero o churrasquinho da esquina bem mais seguro viu minha gente.

Não sabia se sorria simpática, se fazia uma propaganda do Assepxia como sabonete milagroso que limpa a pele dos pobres, na dúvida apenas continuei mastigando meu picles. Pois bem, como se toda essa infelicidade de minha vida não fosse o suficiente, na empresa em que trabalho temos 20 minutos para almoçar. Sim, 20 minutos para engolir a comida sem mastigar. Nunca me chamem pra comer porque o costume já é tanto que eu estou em casa ou dando aquela socializada que mesmo assim como em 20 minutos, enfim. Estou eu lá digerindo um lanche saudável apelidado curiosamente de "Quarteirão" quando me entra uma funcionária da limpeza do local - apelidadas universalmente de "tias" - e observa a TV do mesmo, onde passava alguém cuja fala é bela. Após parar e observar, a mulher se aproxima de minha pessoa como quem não quer nada e comenta: "Eu trabalhava em casa de madame, conheci esse homem pessoalmente, BONITO, GENTE RICA TEM A PELE MAIS LIMPA NÉ?".


Obs: eu podia dar a desculpa de que estou viajando muito, aproveitando bem meu inicio de ano e que esse é o motivo de eu não ter postado tanto aqui mas a realidade é que eu to trabalhando mais do que devia e nem sento mais de frente pro meu amado computadorzinho... Andar de metrô também é considerado viajem? Porque se for eu já viajei tanto esse ano que posso falar até que sai em turnê. Mas mamãe está de volta com o mingau de todos, não chorem.
© Limonada
Maira Gall