Quando criança sempre achei estranho ser contrariada por querer crescer. "Quando eu crescer..." e logo alguém me interrompia para dizer que crescer não era bom, que eu deveria aproveitar o meu pouco tamanho porque depois tudo seria mais difícil. Engraçado, todas as pessoas que diziam isso já eram grandes, claro que elas vão me dizer para não querer isso, elas não queriam que eu competisse com elas, sem falar que se crescer fosse assim tão ruim isso não iria acontecer naturalmente, com certeza algum cientista ou gênio daria um jeito de nos fazer parar com essa "mania de grandeza".
E o tempo passa, os anos correm, os dias viram noites e as noites viram dias. Sem perceber você cresceu e agora entende tudo. O problema não é ter pouco tempo para muitos afazeres, o problema é ter muitos afazeres.
De um lado sua família te cobra um namoro, do outro seu chefe te cobra no trabalho e de repente você se pega pensando em deixar o emprego de lado. Melhor estar em casa com paciência de sobra, do que em um local cheio de cobranças de hora em hora, até que a voz interior sussurra: sem emprego não há dinheiro, sem dinheiro não há encontros de um possível namoro. O tic tac continua.
Também te cobram os estudos, e você percebe que trabalhar e estudar é muito desgastante. Mais uma vez você pensa em abrir mão do emprego, melhor ter horas para estudar do que fazer atividades que na verdade não vão te beneficiar em nada em troca de um salário no inicio de cada mês. "Ah é, o salário!". A voz interior sussurra: sem emprego não há dinheiro, sem dinheiro não há estudos. O tic tac segue.
Você cresceu.
A sua mania de grandeza também cresceu.
E o tic tac? Continua.