{Parte I.}
Vou procurar em todo canto até
Achar onde eu perdi
Minha vontade, o meu desejo ou o prazer de conseguir
E a paciência que eu preciso pra curtir
Achar onde eu perdi
Minha vontade, o meu desejo ou o prazer de conseguir
E a paciência que eu preciso pra curtir
Desci da mesa. Mesmo irritada com o lápis, com a linha torta, com a borracha, com o apontador, e todas as bolinhas acumuladas dentro da mochila, decidi levar a sério duas frases que todos ouvimos em algum momento da vida: 1) "Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha."; 2)"Se a vida te der limões, faça uma limonada."; apesar de parecer estar cada vez maior, e de carregar o peso do mundo, abri a mochila, me pendurando em uma das alças pra evitar que todos aqueles papéis caíssem, e pegando primeiro os que estavam mais no fundo e segurando o mínimo possível por vez, compreendi que a única forma de sair daquela situação seria entendendo meu próprio passado -- que afinal, fez o meu presente -- e assim, desamassei as duas primeiras bolinhas para lê-las.
Em uma delas, vi o exato momento em que conquistei posições que me interessavam. Vi a cena da dança no meio da cozinha, vi o primeiro dia de aula, vi cada momento com cada pessoa que ali conheci, e por alguns dias me perguntei o porque de não estar mais encontrando os pontos positivos de antes. Na outra, vi esse meu problema enorme, com o triplo do tamanho das outras bolinhas que ainda estavam dentro da mochila: a necessidade de obter aprovação. Minha e dos outros. Percebi que em meio a todo esse receio de errar, de precisar ser sempre o ponto forte e de fazer o possível e o impossível pelas outras pessoas só para obter um mérito que obviamente só existia na minha cabeça, esqueci que o principal não é estar fazendo o certo pela visão dos outros -- ou tentando fazer o certo por eles -- e sim pela minha.
Vão sim existir pessoas que não vão gostar de mim, eu vou errar muitas e muitas vezes, e em alguns momentos, vai ser difícil até para mim gostar de quem sou, mas eu vou sobreviver. Vai doer, vai render algumas crises, mas não é nada pelo que eu já não tenha passado, e olha só: me sai bem. Não é que tenha dado certo o tempo todo, mas foi isso que me fez crescer um dia, e se eu quiser voltar ao meu tamanho normal, talvez esse seja um bom início.
Retornei para a mesa com os dois papéis que retirei da mochila, os estiquei em cima do móvel, deixei o lápis de lado e peguei uma caneta e uma régua, cruzando um traço em cada folha abaixo da história antiga. A mudança era permanente, e não sairia com borracha, nem que eu quisesse.
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*Melhor do que Parece faz parte de uma série de 4 posts semanais, baseada na música de mesmo nome da banda O Terno. Para entender cada parte, é necessário ler a anterior.
esse texto está MARAVILHOSO (e cê sabe que tb sofro do mesmo mal que vc). mudanças permanentes, amiga. é disso que a gente precisa na vida!!
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