Unindo o útil (falta de posts) ao agradável (falar de livros), trago aqui o post que ninguém pediu: achismos sobre minhas leituras do ano. Acompanhem.
|Janeiro|
Harry Potter e a Câmara Secreta - J.K Rowling.
Comecei a reler Harry Potter em Dezembro de 2016 (e até agora não terminei, mas segue o baile), e em Janeiro estava no segundo livro. Apesar de não estar entre os meus preferidos dos sete, a evolução na escrita da J.K presente em cada nova edição já se faz bem notável. Um dos mais leves da série, sem deixar de ser encantador.
O Presente do Meu Grande Amor - vários autores.
Encontrei esse livro em promoção no fim do ano passado por 5 golpinhos no site da Saraiva. Como sou uma eterna militante da palavra de Rainbow Rowell e o livro se inicia com um conto dela, decidi comprar. Ao todo são doze contos de diferentes autoras(es), todos com o clima natalino presente e bem românticos. É uma leitura YA gostosa pra quando se precisa relaxar um pouco (existem contos com casais gays!!!)
|Fevereiro|
Capitães da Areia - Jorge Amado.
Abrindo os livros nacionais do ano com chave de ouro, Capitães da Areia entrou para a lista dos meus livros favoritos. A sensibilidade com que Jorge Amado escreveu sobre o grupo de crianças moradoras de rua, cuja realidade os leva ao furto como meio de sobrevivência é muito bonita. São todos pequenos adultos, com infâncias que infelizmente não são vividas como deveriam e que os levam para caminhos diferentes no futuro: em momento algum um destino meritocrático aos esforços que cada um deles fez ao longo da história, o que é muito importante e merece atenção.
Rua da Padaria - Bruna Beber.
Também nacional, o livro de poemas da Bruna traz uma sensação de aconchego capaz de aliviar dias não-tão-bons-assim. No site oficial da autora estão disponíveis alguns dos poemas; recomendo a leitura de Romance em Doze Linhas.
Caminhos Cruzados - Érico Veríssimo.
Fevereiro, de forma não planejada, se tornou o mês dos nacionais. Caminhos Cruzados, leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp, inova ao não ter um único narrador. Como o próprio título sugere, temos acesso a um bairro, onde as vidas dos personagens se cruzam, sendo interessante notar que sempre ao fim de um capítulo se faz menção ao personagem do próximo pelo ponto de vista daquele que está narrando. É acima de tudo uma crítica a sociedade, mostrando nuances das diferentes classes que muitas vezes são ignoradas, e como elas interferem nos caminhos de cada um (desconstruindo, inclusive, o mito da meritocracia).
Fevereiro, de forma não planejada, se tornou o mês dos nacionais. Caminhos Cruzados, leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp, inova ao não ter um único narrador. Como o próprio título sugere, temos acesso a um bairro, onde as vidas dos personagens se cruzam, sendo interessante notar que sempre ao fim de um capítulo se faz menção ao personagem do próximo pelo ponto de vista daquele que está narrando. É acima de tudo uma crítica a sociedade, mostrando nuances das diferentes classes que muitas vezes são ignoradas, e como elas interferem nos caminhos de cada um (desconstruindo, inclusive, o mito da meritocracia).
|Março|
Outros Jeitos de Usar a Boca - Rupi Kaur.
Tenho a impressão que toda a internet já falou sobre o livro, transformando qualquer palavra a mais aqui digitada uma repetição. São poemas feministas acompanhados de ilustrações que tocam em muitas feridas das diferentes formas com que mulheres são tratadas como menos. Foi uma boa leitura para mim, mas como vi muita gente dizer que se decepcionou um pouco porque escrever poemas na internet (e consequentemente, ter o livro publicado) hoje em dia significa apenas dar enter entre as palavras e tentar causar impacto rápido, acho que vale a pena se lembrar do que é o concretismo antes de ler.
A Cidade e as Serras - Eça de Queiroz.
Esse livro é oficialmente minha vitória pessoal. Tentava lê-lo desde 2015 e sempre desistia por achar o início descritivo demais, sem nunca chegar a um ponto interessante. Esse ano, como um tapa na minha cara, consegui mudar minha opinião sobre o mesmo quando enfim saí da parte mais tediosa. É um livro que crítica a vida na cidade e as relações estabelecidas nela -- tanto com as pessoas como com o meio em que se vive --, e de forma muito inteligente, critica o capitalismo em sua essência: o consumismo exagerado. Pra quem ainda não leu ou assim como eu sempre abandona, vale se esforçar mais no início. Além disso, foi nele que encontrei uma das descrições românticas mais bonitas que já li:
“Mas, à porta, que de repente se abriu, apareceu minha prima Joaninha, corada do passeio e do vivo ar, com um vestido claro um pouco aberto no pescoço, que fundia mais docemente, numa larga claridade, o esplendor branco da sua pele, e o louro ondeado dos seus belos cabelos, lindamente risonha, na surpresa que alargava os seus largos, luminosos olhos negros, e trazendo ao colo uma criancinha, gorda e cor-de-rosa, apenas coberta com uma camisinha, e de grandes laços azuis.
E foi assim que Jacinto, nessa tarde de Setembro, na Flor da Malva, viu aquela com quem casou em Maio, na capelinha de azulejos, quando o grande pé de roseira se cobria todo de rosas.”
Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade.
Drummond é um dos meus escritores/poetas preferidos, e a maneira como me identifico com o que ele escreveu me assusta em alguns momentos. Não sou nenhuma perita na obra, mas pelo pouco que conheço Claro Enigma pareceu um dos livros mais difíceis para compreensão de cada poema, o que tornou um pouco difícil gostar da coletânea. Apesar disso, Drummond é Drummond, e não há como negar toda a genialidade por trás dele.
Admirável Mundo Novo - Audous Huxley.
Essa foi uma leitura muito especial. Menina Manu, amiga de blog, de Twitter, alma gêmea perdida pelos caminhos desse longo Brasil, me fez uma surpresa e o enviou pelo correio com uma dedicatória tão fofa que até hoje não tirei nem os adesivos que vieram junto de dentro do livro. Eu deveria estar falando sobre o enredo, então vamos lá: distopia maluca, mas que me assustou muito por conseguir enxergar diversas semelhanças com a nossa realidade em que as pessoas realmente acreditam em supremacia de raças e a transformam até mesmo em luta. No livro dá pra ter um spoiler de como tudo isso pode dar errado, então fica ai a dia para c e r t o s s e n h o r e s que o mundo vem conhecendo cada dia mais. (E um obrigada a Manu, e a internet, que mesmo sendo horrível às vezes, ainda faz com que essas pessoas tão queridas cruzem nossas vidas.)
O Amor nos Tempos do Cólera - Gabriel García Márquez.
PENSA NUM LIVRO QUE ME INCOMODOU MUITO. Com relação a escrita -- e criatividade -- do autor, não me dou nem ao direito de dizer algo que não seja próximo a maravilhoso. Mas a ficção, ela tem o poder, né? O poder de te fazer ter nojo de gente que nem sequer existe. E EU SINTO NOJO DE FLORENTINO ARIZA. Não quero explicar o porquê por medo de acabar estragando o livro para alguém -- e principalmente porque conhecidos que leram, não pensam o mesmo que eu --, então fica ai o mistério.
A Arte de Pedir - Amanda Palmer.
Já falei muito sobre A Arte de Pedir aqui no blog e se alguém quiser ter uma noção mínima do que se trata, é só dar uma lida nos posts da tag Amanda Palmer é o meu pastor e nada me faltará pois quero evitar a fadiga de ser repetitiva.
O Cortiço - Aluísio Azevedo.
|Abril|
O Cortiço - Aluísio Azevedo.
O Cortiço é aquela crítica social foda™ que todo mundo já leu ou ainda vai precisar ler querendo ou não. A única coisa que tenho a necessidade de dizer aqui é: BERTOLEZA MERECIA MAIS.
O Futuro da Humanidade - Augusto Cury.
Os erros, eles acontecem. Augusto como escritor é um ótimo psiquiatra (DESCULPA).
Os erros, eles acontecem. Augusto como escritor é um ótimo psiquiatra (DESCULPA).
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K Rowling.
Um dos meus preferidos da série -- junto com Cálice de Fogo --, mas o início de algo que direi na leitura do próximo mês pois amo um suspense. #TENSÃO
|Maio|
Harry Potter e o Cálice de Fogo - J.K Rowling.
O HARRY É INSUPORTÁVEL, PUTA MENINO CHATO, EU SÓ GOSTO DESSA SÉRIE PORQUE SÃO BRUXOS, E PORQUE TEM A HERMIONE, E O RONY, E O LUPIN (RIP), E MOVIMENTOS ESTUDANTIS, PORQUE SE DEPENDESSE DO HARRY MESMO EU ODIARIA CADA SEGUNDOOOOOOO.
É isto.
Anna Kariênina (ou Karenina) - Liev Tolstói.
Laços de Família - Clarice Lispector.
Ainda estou o lendo, visto que são cerca de 800 páginas que em maior diagramação possivelmente dariam algo próximo a 1.200 páginas, divididas em 8 partes -- atualmente me encontro na sexta --, e apesar de já me sentir pronta para falar dele, quero colocar algumas coisas pra fora de uma forma mais complexa do que um resumo geral do primeiro semestre, então mais tarde pretendo voltar a falar dele por aqui. Para quem nunca viu nada a respeito desse livrão russo com cara de novela das 18hrs, recomendo o vídeo do canal Ler Antes de Morrer.
Laços de Família - Clarice Lispector.
Não é a novela global, mas um conjunto de 13 contos da incrível Clarice, cujas personagens sempre possuem um momento de epifania que as tira do eixo comum -- e o mais legal: todas as protagonistas são mulheres. Meus preferidos foram Amor e O Jantar.
|Junho|
Carry On - Rainbow Rowell.
No Olho do Furacão - Anderson Quack.
Pra quem leu Fangirl da mesma autora, Carry On já não era novidade. Porém, como confesso ter acontecido até comigo, que como já disse antes, sou militante da palavra de Rainbow Rowell, os trechos da fanfic escrita por Cath desandavam minha leitura, que focava muito mais no que estava acontecendo na "história real" do que na escrita da personagem. Com o anúncio de que Carry On seria um livro real contando um pouco mais sobre esse mundo paralelo, pensei que pela primeira vez não gostaria de algo escrito pela Rainbow. Ah meus amigos, o engano, ele é real. Quando todas as pessoas dessa internet começaram a falar bem, e classificá-lo como um dos melhores escritos por ela, tive que vender minha alma, e não há nenhum arrependimento neste corpinho que vos fala. É mais uma história sobre bruxos, vampiros e lobisomens? É, mas de alguma forma, entre o sobrenatural já tão usado por tantos e tantos autores, Rainbow Rowell conseguiu dar lugar às incertezas de quando se é jovem com um mundo tão antigo te aguardando, à revolução, ao que o poder faz com quem o obtém e como é fácil tornar-se um ditador mesmo quando as primeiras intenções são boas. Tudo isso, claro, em meio ao amor entre dois garotos que no início não entendem o que é aquilo que acontece entre eles e juram ser ódio. Rainbow Rowell, que mulher!
No Olho do Furacão - Anderson Quack.
Meu primeiro contato com esse livro aconteceu por acaso, na biblioteca pública que sempre frequento. Em meio a uma estante um pouco apagada, ele tinha tons de rosa e azul que me prenderam visualmente, sem saber antes o peso da autobiografia contida nele. Anderson Quack conta nesse livro como foi crescer na Cidade de Deus e ver cada vida que se perdeu lá dentro. Anderson encontrou a paixão no audiovisual e faz dele seu trabalho até hoje, levando-o para jovens da comunidade, e por meio do livro, tenta mostrar de forma leve o caminho que percorreu e como isso o ajudou a ser alguém melhor. Fui a primeira pessoa a cadastrá-lo no Skoob, e até hoje continuo sendo a única que o leu, o que é realmente uma pena, dado o crescimento pessoal que nele encontrei -- e sei que seria útil pra muita gente.
Alucinadamente Feliz - Jenny Lawson.
Jenny é uma pessoa da internet que carrega o peso dos transtornos mentais da melhor forma que encontrou: escrevendo e criando um movimento para ser alucinadamente feliz, só de raiva. Me identifiquei muito com o costume que ela possui de fazer das desgraças, piadas na forma como escreve, e me identifiquei com muito -- não todas, porque como ela mesma diz assim que abrimos o livro, cada um possui seu próprio "jeitinho" quando o assunto é saúde mental --, do que por ela é vivido sendo alguém com TAG.
Desventuras em Série: Mau Começo - Daniel Handler.
A estreia da adaptação de Desventuras da Netflix mexeu com meu psicológico de tal maneira que coloquei nas metas do ano no meu Skoob, ler os 12 livros da série. Tatiane do futuro, em pleno mês de Novembro, dá as caras para dizer que ainda faltam 11 para ler até 31 de Dezembro, heh. Por ser escrito para uma geração de leitores com a qual não me identifico mais senti um pouco de tédio em alguns momentos, mas os mistérios vão aparecendo e tornam o livro algo próximo ao suspense-fofo. Vale a pena para descansar a mente de uma forma mais leve.
O resumo do segundo semestre deve sair em Janeiro, até lá, você pode me acompanhar no Skoob.
Ah, meu senhor, pera que são muitos comentários:
ResponderExcluirVocê leu tantos nacionais! Eu me sinto uma vergonha, porque quando o assunto é nacionais, li pouquíssimos, sou um fiasco.
Os que eu ainda não li e me fazem sofrer diariamente por isso: nada da Rainbow Rowell, embora esteja sempre ouvindo dela na internet; Admirável Mundo Novo, embora claramente seja COMPLETAMENTE ÓTIMO E EU QUEIRA MUITO HÁ SECULOS; Amor Nos Tempos de Cólera, sobre o qual tenho muita curiosidade desde que li Cem Anos de Solidão; o livro da Rupi Kaur; Anna Karenina AHH MEU PAI EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER SABENDO QUE AINDA NÃO LI ANNA KARENINA; Alucinadamente Feliz, que acho que vai ser puro <3!
Eu li os três primeiros das Desventuras em Série quando pequena, mas a biblioteca não tinha o resto então temos uma relação to be continued desde então.
Gente, a miga te mandou livro pelo correio. Necessito dessa miga.
Sobre o Augusto Cury: HAHAHAHAHAHA Li o mesmíssimo livro (que erro) e também foi um tanto vergonhoso. Mas eu li outros dele sobre psicologia que não foram ruins (não ótimos, mas também não um FIASCO), então passei a pensar que talvez o erro do cara seja tentar escrever ficção, sabe? De qualquer forma, não estou disposta a dar o braço a torcer de novo, e pretendo ficar relativamente longe dos livros dele pra não ter grandes arrependimentos.
Sdds teus posts. <\3
difícil acompanhar, mas voce ler muito literatura brasileira né, isso é muito bom e ainda não li outros jeitos de usar a boca, mas como voce disse parece que a internet toda já falou como são poesias maravilhosas! <3
ResponderExcluirBlog Entre Ver e Viver
Quando crescer quero ser uma leitora tal qual vc, amiga: primeiramente CAPITÃES DA AREIA É MARAVILHOSO DEMAIS, e eu fico feliz de saber que vc gostou também!! Não acredito que vc nunca tinha me falado desse asco por Florentino Ariza HAHAHAHAHAHAHA :P e eu ainda não li Carry On, to atrasada desde aquela época. Desventuras em Série é um livro que faz muito MAL, porque é muita coisa ruim acontecendo na vida daquelas crianças e eu não sei lidar. Sobre Harry Potter = Harry às vezes é realmente um chato de galochas e aaaaaaaaaaaaaaaaa ainda bem que existem outros personagens melhores HEHEHEH. BERTOLEZA MERECIA MAIS. Li esse livro faz 10 anos pro vestibular e até hoje sofro com o final.
ResponderExcluir<333
Eu fiquei curiosa para ler Capitães da Areia.
ResponderExcluirTenho o livro O Cortiço, mas ainda não li ele, nem quando era obrigatório para o vestibular.
Mas ainda está na fila e espero não enrolar muito para ler.
Beijos
AAAAAAAAAH! Eu amo post de livros!
ResponderExcluirTambém to relendo Harry Potter e já consegui ler dois esse ano (comecei em setembro) e tô indo pro terceiro. Senti o mesmo que você pela Câmara Secreta que é o filme que menos gosto, mas comecei até um ranço menor pelo livro. Ansiosa pelo terceiro, e pelo quarto que eu AMO de paixão mas obrigada pela review de quão escroto o Harry é. Ele é tipo o Ross de Friends.
Coincidentemente, tô lendo Eleanor & Park pela primeira vez agora! Eu já li Landline da Rainbow e tô achando esse bem melhor. É muito fofo! :)
Obrigada pelas dicas - básicas - de literatura brasileira pra colocar na minha listinha do Goodreads.
Beijo!
www.paleseptember.com
Gente do céu! É muita leitura!!!
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