Self image 2018.


Sou uma pessoa de abraços, mas nem sempre isso foi assim. A timidez por muito tempo foi uma barreira para o toque, do mais superficial ao mais próximo, só que em algum momento do ano passado isso mudou e eu me tornei alguém-de-abraços, dos mais leves até aos que puxam o ar e colocam o mundo no lugar certo. 

Não sei muito sobre o amor — e a cada dois passos mais próximos dele, me sinto de volta a um para trás —, e do pouco que sei, muito ainda preciso melhorar: aprender a me virar sozinha desde cedo me roubou a tolerância ao que não se assemelha a quem sou, tão essencial para saber lidar com quem está do outro lado. 

O passar dos anos me mostrou que a cada dia me pareço mais com meu pai, o que faz com que o eu de hoje queira muito voltar alguns anos atrás dizendo para sua antiga versão que duas peças iguais não se encaixam perfeitamente, mas podem ocupar o mesmo espaço quando colocadas da forma correta, e principalmente, que o amor é tolerante. Ao mesmo tempo que sigo com tal desejo, sei que em tempos anteriores não entenderia absolutamente nada disso, então apenas aceito o presente com todas as falhas do passado. Algo me diz que minha versão mais nova perdida em algum dos muitos lugares do universo fica feliz por quem é agora, mesmo com todas as diferenças do que um dia foram suas idealizações. 

Nas aulas de português do ensino fundamental aprendi a compor histórias. Cada uma delas possui início, meio e fim, personagens que coexistem e em alguns momentos precisam lidar com o existir solitário, falas que completam diálogos essenciais para se chegar ao clímax e pontos finais, que demoram um pouco para surgir, mas entre eles existem as vírgulas, e quando necessário, ponto e vírgula podem aumentar o tempo de descanso até a próxima palavra. Atualmente sou o meio, mas ainda assim tenho muitos personagens com quem devo coexistir, momentos para lidar comigo mesma e diálogos para manter, sem nunca me esquecer que não só posso como devo usar as vírgulas, já que não sou uma narração sem pausas. 

Conheço o amor muito pouco, mas estou no meio do caminho para aprender a me amar e me abraçar. 

A ideia do Self Image é do Eric que os publica anualmente. No blog você encontra as versões de 201420152016 e 2017.

Comentários

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  1. Que texto bonito <3 <3

    p.s.: acho que sempre seremos o meio, mas o meio é um lugar bom de ser estar. É a jornada.

    Abraços!

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  2. eu adorei seu texto, tanto que li 2 vezes (e quando eu leio a mesma coisa mais de uma vez, é porque é importante hahah) e queria lhe desejar que tudo ocorra bem nesse ano, e que em 2019 você seja alguém melhor ainda.
    kisses~~
    margineus.blogspot.com.br

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  3. Eu amei a forma que você escreve <3

    Com amor, <3 bruna-morgan.blogspot.com <3

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  4. Eu amo posts de Self Image (inclusive, catei a ideia daqui e também fiz o meu no final do ano passado). Eu não sou uma pessoa de abraços :( Acho que só percebo o quão deprimente isso é quando escrevo, mas é verdade, não me sinto conectada com as pessoas a ponto de querer ter um contato físico.
    Acho que o meio da narrativa é a melhor parte HAHA. É a parte com mais conteúdo, mais conhecimento, mas contato. Muita vezes ela dispensa a conclusão (eu acho, mas talvez eu diga isso só porque sou péssima em conclusões).
    Beijos ♥

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