O Menino que Desenhava Monstros | Rata de Biblioteca.


Se todo post do Projeto Rata de Biblioteca tem como objetivo desmistificar o boato que menospreza os acervos das bibliotecas públicas, um post em que falamos sobre um livro recente (foi publicado em 2016!), de uma editora que se preocupa tanto com suas edições como a Darkside Books, vai levar qualquer argumento contrário por água abaixo, não é?

O Menino que Desenhava Monstros, livro de thriller psicológico do autor Keith Donohue, trabalha o medo de uma forma diferente dos livros do mesmo gênero. Jack Peter tem apenas dez anos, mas não consegue aproveitar sua infância como seus antigos colegas de escola. Antes, quando só o diagnóstico da Síndrome de Asperger foi dado, ele ainda conseguia sair de casa e ter algum contato com o mundo exterior. No entanto, depois de um afogamento em mar aberto, Jack desenvolveu Agorafobia, e nunca mais conseguiu sair da própria casa sem se sentir fisicamente mal -- o que ocorre com certa frequência graças às suas consultas com o médico psiquiatra. 

Além dos pais, o único que ainda mantém contato com Jack se chama Nick, filho dos melhores amigos de sua mãe e seu pai, que por isso, cresceu com ele. Sendo praticamente obrigado pela mãe a lidar com as diferenças de Jack, Nick é seu servo mais fiel: se Jack Peter quer passar meses brincando só de guerra, assim será; se quiser desenhar obsessivamente, assim também será. 

Enquanto os meninos passam dias dentro de casa cercados por lápis e papel, acontecimentos estranhos começam a se tornar frequentes nas redondezas. Aparições de coiotes, de animais ditos brancos e grandes, de seres que se parecem com homens horrendos, e em todos os casos nunca há mais de uma testemunha para relatar a veracidade do ocorrido.

Paralelo às estranhas ocorrências entre as casas de veraneio locais e às brincadeiras do menino que vive recluso, seus desenhos podem conter pistas: Jack só desenha monstros, e não permite que Nick desenhe outra coisa. A mãe de Jack, mesmo pouco presente na rotina de seu filho, que passa o dia com o pai enquanto ela trabalha, parece ser a única a notar as mudanças do seu entorno e da sua criança de forma a juntá-las em uma só possibilidade, mas não chega a nenhuma conclusão a respeito das relações entre os casos.

Com a proposta de trabalhar o suspense, a fantasia e o horror em uma só narração, O Menino que Desenhava Monstros peca ao tecer demais seu enredo, tornando a leitura parada até mais da metade do livro, com a inclusão de personagens e acontecimentos que se ali não estivessem, nem fariam falta. Por esse motivo, não conseguiu ser o que eu esperava. 

Quanto a editora Darkside, só elogios: livro com capa dura, folha de guarda decorada, fita para marcar página, rabiscos que simulam os contornos feitos por Jack em alguns capítulos, e no fim do livro, páginas em branco que estimulam o leitor a desenhar suas próprias criaturas, angústias, monstros, pesadelos, lembranças e sonhos. 






:・゚✧*:・゚✧ POR QUE LER Um thriller psicológico? *:・゚✧*:・゚✧

O Menino que Desenhava Monstros é por incrível que pareça, leve. O suspense está de longe presente em todos os capítulos, mas não promove o sentimento de temor durante a leitura, que pode ser boa para quem tem interesse por temas que envolvem crianças, ou para aqueles que gostam de nuances familiares: a dificuldade na comunicação, na vivência com o outro. 

:・゚✧*:・゚✧ POR QUE não LER UM thriller psicológico? *:・゚✧*:・゚✧

Como eu disse acima, particularmente não achei a leitura agradável, mas minha não-recomendação está ligada com o estilo da escrita, e não com o gênero do livro. Em alguns capítulos nada realmente importante parece estar acontecendo, os problemas demoram para surgir ou para sumir, existem personagens que no fim, não impactam o enredo como era o esperado, e a única parte pela qual tive real interesse já se encontrava nos últimos capítulos. Pode não ser uma ótima indicação para aqueles que assim como eu, não possuem muita paciência para histórias mais demoradas. 

Não se deve de forma alguma riscar um livro de biblioteca, mas esse em especial estava com um desenho a lápis na página específica para isso, e como a dona anterior escreveu nome e classe escolar nele, imaginei que talvez o desenho tenha sido feito por ela e os bibliotecários decidiram mantê-lo ali. 




Pra quem é dos filmes: o livro vai ganhar adaptação para os cinemas, prevista para 2022, e será dirigida pelo mesmo diretor de Jogos Mortais. 
O que é Síndrome de Asperger? Considerada parte do espectro autista, é vista como leve pelo alto nível de funcionalidade dos diagnosticados. Afeta principalmente a socialização e a comunicação. Para mais informações, visite o site do doutor Drauzio Varella.
O que é Agorafobia? Psicopatologia associada à ansiedade e ao pânico. Para mais informações, visite o site do doutor Drauzio Varella.

Em um quote:

"Mesmo a ostra esconde uma pérola."




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Ontem publiquei no Sweek Brasil, plataforma semelhante ao Wattpad, um microconto de 250 palavras. Para ler O Outro Lado do Mapa ou me seguir por lá, é só clicar na imagem.



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Comentários

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  1. Uma pena a história não ter sido bem desenvolvida, com essa história o livro poderia ser épico!

    www.kailagarcia.com

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  2. Meu gênero favorito de livros é thriller psicológico e esse livro se perdeu na minha lista de leituras, até hoje. Eu basicamente me esqueci dele.
    Ainda não tinha lido uma resenha tão completinha sobre esse livro, o que me fez ter ainda mais vontade de lê-lo, mesmo que ele seja um tanto quanto parado até o plot twist.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  3. Poxa, uma pena que a obra acabou sendo maçante. Mas imagino que eu me encantaria por todo o resto e isso seria um aspecto mínimo. Por vezes, o prolixo me atrai e, talvez, até esse quesito me agradasse. Adorei o alerta e todos os detalhes da resenha!

    semquases.com

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