Dia desses um amigo mandou, em um grupo no WhatsApp, uma foto em que estávamos reunidos, lá no ano de 2017. Nela eu tenho 10 kg a menos, um cabelo 50% mais comprido (além de alisado pela chapinha), nenhuma matricula realizada em uma universidade, e provavelmente uma mente mais saudável, porque é exatamente o último ano que tenho a lembrança de não estar o tempo todo com muita raiva de tudo, de todos, e extremamente triste, sem conseguir entender que ficar tão triste o tempo todo poderia ser um indicativo de que algo de errado não estava muito certo.
Depois de ver a tal foto entrei num looping de nostalgia. Das roupas que eu gostava de vestir (e de como eu me importava bem menos com a possibilidade de alguém me achar estranha por estar com tal roupa), e de como hoje em dia, pra mim, é mil vezes mais fácil só vestir camiseta e calça jeans, não importa qual seja o objetivo da ocasião; das músicas que eu ouvia; das séries que assistia; de como eu amava andar pela cidade e fotografá-la mesmo que com enquadramentos tortos; de como o ar parecia mais leve para ser respirado sem uma máscara cobrindo metade do meu rosto.
Não sei dizer muito bem se em algum momento parei de ser eu mesma, se estou no período em que mudei de gostos e ainda não encontrei exatamente aquele que mais me representa no agora, mas sei que pensar em quatro anos atrás e no presente me deixou surpresa. Jamais imaginei estar onde estou, como estou, e da forma que sou. O primeiro semestre de 2021 serviu muito como meu processo de cura, já que foi quando eu finalmente entendi que todos aqueles sentimentos em mim, sempre tão negativos, não estavam me fazendo bem e realmente pedi ajuda. Porém, ainda assim, sinto que não o atravessei completamente. Estou melhor, mas ainda não sei bem quem sou e do que gosto nesse novo encontro do eu comigo mesma.