Permissão para ser boba

São muitas as razões pelas quais não escrevo mais na internet como antigamente. Se esse blog existe desde 2013, é porque daquele ano até meados de 2016 eu tinha menos medo de expor aqui tudo o que, de alguma forma, não ficava completamente resolvido no mundo físico. O ano passado, principalmente, me deixou em um estado de paralisia do qual só fui realmente sair em Junho desse ano. Desde então, agora mais mentalmente saudável, me pergunto: o que ainda está me impedindo de fazer as mesmas coisas que sempre gostei? 


Ainda não consegui identificar bem o porquê, nem como isso começou, mas percebi que me sinto boba postando em um blog "na minha idade". Ainda sou muita nova e tenho completa noção disso, além de concordar que faixa etária não é critério para nenhum tipo de hobby, mas ainda assim meu eu interno insiste em jogar na minha cara que seria muito infantil da minha parte continuar alimentando um espaço na blogosfera em pleno ano de 2021, aos 24 anos. 


Acho que tenho medo. Mais dos outros do que de mim. Medo que as pessoas da vida real encontrem cada vez mais esse espaço e vejam coisas que muitas vezes eu escondo. Medo de ser julgada. Medo de ser considerada boba por falar o que falo e o que já falei por aqui. 


Quero me dar mais permissão para ser boba, mas esse é um termo de consentimento que ainda não consegui assinar. Talvez o segredo seja aceitar os termos sem antes lê-los, para assim parar de pensar tanto em algo que sempre fez parte de quem eu sou. 


Que post mais bobo. E que bobeira me importar tanto com os outros. Mais bobo ainda me achar boba por isso. 

Só acontece comigo #88

Ao longo do meu curso de graduação, tenho alguns estágios obrigatórios inclusos na minha grade, e preciso fazê-los no hospital universitário, pois contam como matérias dadas. Antes de cada um deles, temos atividades para aprender a realizar o que precisaremos em outros alunos (cobaias), e em um desses dias, fui a cobaia para um exame físico abdominal, que consistia em ter minha barriga apertada várias vezes, para que a outra aluna identificasse se estava tudo bem comigo e aprendesse a reconhecer possíveis anormalidades nos pacientes que atendesse. 


O problema é: meu exame abdominal não foi tão normal quanto deveria, pois sou uma pessoa constipada desde o berço, e depois de um olhar meio preocupado, a pessoa em questão soltou um "Ér... Professor? Eu tô sentindo uma massa, é normal?", e foi orientada a perguntar quando foi a última vez que a pessoa sendo examinada defecou. Eu, princesa que sou, respondi:


— Mais de três dias.


— Mas nossa, esse é seu normal? Tem sentido dores ou algo de diferente que observou?


— É meu normal sim, nada que um cafézinho não resolva. 


Às vezes eu não sei perceber quando é a hora certa de simplesmente não falar algo. 

© Limonada
Maira Gall