Desde 2016 tenho mantido caderninhos semelhantes ao chamado Bullet Journal, mas com o toquezinho especial de uma pessoa pobre (ou, se preferir, com poucos recursos disponíveis). Cansada de tentar acompanhar conteúdos sobre o método e acabar desistindo por não conseguir ter os mesmos materiais que as outras pessoas (canetas importadas, milhares de adesivos e washi tapes), resolvi eu mesma criar meu conteúdo sobre o tema e compartilhar com vocês, na esperança de gerar identificação para quem não pode gastar tanto — seja dinheiro, seja tempo —, com a manutenção desse método de organização, que vale ressaltar, precisa ser funcional para aquele que o faz (tá tudo bem não conseguir fazer lettering, tá bom?).
O que é um Bullet Journal?
De um jeito bem grosseiro e resumido, é um caderno onde você registra seu ano, dividindo-o em meses (e a partir dele, em semanas e dias), e pode usar sua criatividade para entender qual o seu objetivo com ele: criar novos hábitos, registrar leituras, filmes ou séries assistidas, compromissos diários, controlar suas finanças, e o que mais achar necessário. Porém, a ideia principal é que tudo isso esteja organizado em listas ou trackers (um "rastreador", usado para seus hábitos, por exemplo). Segundo Ryder Carrol, criador do método, ele é um jeito de "Rastrear o passado, organizar o presente, e nos preparar para o futuro". Eu, particularmente, gosto de pensar no método como uma fusão entre diário e agenda.
A ideia principal de Ryder era, na verdade, simplificar o máximo possível, mas no meio do caminho as pessoas começaram a tornar o método algo mais "vendível", gerando uma falsa necessidade de possuir muitos materiais para fazer os mais trabalhosos (e bonitos!) exemplos que vemos internet afora.
Pontos importantes:
- O caderno não precisa ser caro: até ano passado todos os meus cadernos foram comprados ou na Daiso, ou na Miniso. A Miniso, inclusive, é a que mais recomendo entre essas duas, por possuir muitos cadernos com páginas quadriculadas (o que facilita muito fazer suas listas, por exemplo), e em todos eles eu pagava no máximo 15 reais, sendo que duravam o ano todo (e sobravam folhas). Só agora, em 2022, passei a usar um caderno da Cícero, achado em uma black friday, mas honestamente, me arrependi. O papel deles transfere bastante, então até quando uso lápis de cor para pintar algo, a página de trás fica marcadinha (não acontecia com os cadernos da Miniso, por exemplo).
- Você pode usar materiais mais baratos: desde que comecei, as únicas coisas que tenho usado são canetas esferográficas, giz de cera, lapiseira, marca texto de diferentes cores e lápis de cor. Às vezes faço alguma coisinha diferente com post-it ou com aquele papel pardo, facilmente encontrado em papelarias que o vendem por metro (aqui perto de casa costuma estar 1 real/1 metro, então vale a pena). Acho que o mais caro que já comprei foi a caneta preta Marvy, da Le Plume, porque queria fazer títulos em preto e não conseguia achar nada muito semelhante. Ah, e as washi tapes também vendem na Miniso/Daiso, com kits que podem ter até quatro modelos diferentes por cerca de 10 reais!
Como eu me organizo?
Ainda antes de começar o primeiro mês do ano, gosto de fazer um humor tracker. São vários quadrados, divididos em uma coluna de 12 meses por linhas com até 31 quadrados. Criei uma legenda em que cada cor representa um humor (uso amarelo pra dias felizes, vermelho pra dias estressantes, azul para dias tristes, e um verde-água para dias em que considero ter ficado "normal", o famoso nem bom, nem ruim, sabe?). Ao final do ano consigo uma tabela bem legal de olhar, e entendo melhor até pelo que eu estava passando em determinados períodos e os motivos por trás de muitos dias azuis, por exemplo.
É então que começo meu mês. Na primeira página sempre crio o "tema" que vou usar nas páginas seguintes, e gosto de colocar um mini calendário. Deixo as páginas seguintes para uma visualização maior dos planos do mês: em duas páginas exponho quadrados grandes com os dias, e dentro deles coloco compromissos que já sei que tenho (mais ou menos como este daqui). Na página seguinte, deixo meu tracker de hábitos, que segue a mesma lógica do de humor, mas desta vez apenas para acompanhar o mês; em Janeiro, por exemplo, faço 31 quadrados, e as colunas correspondem aos meus hábitos (beber água, escrever), que legendo com cores diferentes (parecido com este). Na próxima página, faço um controle financeiro: tudo o que recebo e gasto, fica explicadinho ali. E em seguida, geralmente pelas próximas quatro páginas, vou quebrando meu mês em dias e colocando as tarefas que surgem (as famosas to do list).
Nem sempre fica bonito, e acho que funciona pra mim por eu ter aberto mão da ideia de fazer perfeito. Prezo muito mais pela criatividade na hora de enfeitar (vira um momento em que relaxo!) e pela ideia de conseguir realmente organizar meus dias.
O criador tem um livro, chamado O Método Bullet Journal: Registre O Passado, Organize O Presente, Planeje O Futuro, em que explica melhor suas ideias. Sendo bem honesta, tem muita coisa que não adaptei para mim por não funcionar comigo (criar um índice, uma tabela com códigos, numerar as páginas), e acho que o ponto que mais quero passar, além da ideia de não precisar de materiais caros para fazer, é que o mais importante é entender o que é útil para você e o que não. No Pinterest, tenho uma pasta em que vou salvando ideias que gosto, caso queira ver, é só clicar aqui.
Já tentou utilizar o método? Gostaria que eu explicasse algo mais sobre meu conceito de poor journal (kkk)? Me conta! :)