Projeto "Rata de Biblioteca".


Os algoritmos que movem a internet muitas vezes nos dão impressões erradas sobre a realidade. Se você lê esse blog, provavelmente está inserido(a) em um grupo de pessoas que de alguma forma consomem literatura, apesar de estarmos em um país que comprovadamente não possui uma população leitora, como mostra a pesquisa “Retrato da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro, responsável por mostrar que 44% das pessoas não leem no tempo livre e 30% delas nunca comprou um livro. Porém, como as redes sociais tem cada vez mais selecionado o conteúdo que chega até nós com base em pesquisas e interesses, a impressão que temos ao acompanhar blogs, canais no Youtube e até perfis no Instagram, é que todos estão constantemente não apenas lendo, como também investindo dinheiro em livros como objetos de decoração para suas casas.

Inseridos nessa bolha de ávidos leitores que habitam a internet, muitas vezes não nos questionamos sobre os modos de consumir a literatura, e sobre quem são as pessoas que de alguma forma ainda movem o tão escasso mercado editorial brasileiro. Não é a primeira vez que dentro desse grupo de pessoas que tem acesso à leitura, surge o debate sobre a pirataria de livros. Realmente existe um déficit para autores e editoras devido à pirataria de ebooks em formato pdf na internet, mas o que muito me incomoda nisso tudo, é o tom que a discussão passa a ter quando pessoas com renda suficiente para investir em livros em um país como o nosso, onde as taxas de desemprego são altas, além do valor que possui o salário mínimo – responsável, vale salientar, por alimentar e pagar todas as contas de quem o recebe – criticam o lado que precisa – e aqui eu grifo o verbo precisar pra deixar bem claro que o ponto do meu texto é quem só consegue ler por meio do pdf, se você de fato tem renda pra investir em entretenimento e mesmo assim prefere piratear, entramos em uma discussão com a qual não quero me envolver –, utilizar esse método para ler.

Entre todos os argumentos utilizados na discussão, muito se falou sobre as bibliotecas e a possibilidade de ler livros gratuitamente sem precisar piratear (e eu tenho algumas questões com esse lado, porque realmente bibliotecas são ótimas, mas: 1. O livro que está na biblioteca foi comprado apenas uma vez e repassado pra frente sem que o autor ou a editora recebesse cada vez que ele é lido, assim como é com o caso dos pdf’s, já que alguém em algum momento comprou aquele ebook e depois repassou, mas quem sou eu para dizer isso, não é mesmo?, e 2. As mesmas pessoas que apontam as bibliotecas como alternativa estão todo mês recebendo livros sem custo algum de editoras, parcerias, caixa postal, mostrando estantes pessoais cheias de livros, muitas vezes com mais de uma edição da mesma obra por puro capricho, e bom, não doando nenhum deles para bibliotecas porque o ato de obter livros tem sido muito mais gratificante do que o de lê-los, mas reitero: quem sou eu para dizer isso, não é?), mas nada se faz para que haja o incentivo em visitar e consumir o que guardam as bibliotecas.

Antes de eu de fato me interessar por bibliotecas, o contato que tinha com elas era bem pequeno, e de certa forma um privilégio, já que eu estudava em uma escola que mesmo pública, possuía um acervo de livros disponível para os alunos. Quando terminei a escola, achei que as bibliotecas públicas fossem bem diferentes do que encontrei, imaginava-as como lugares velhos demais, abandonados, e com livros que não interessavam a ninguém. Bom, me enganei.

Porém, sei que teria ficado no achismo se não tivesse sido apresentada da forma correta ao acervo gratuito de livros e com toda certeza leria muito menos do que atualmente. Por isso, ao invés de ditar quem pode ou não ler, preferi optar por outro caminho, e hoje inicio aqui no blog o projeto “Rata de Biblioteca”, porque não consegui pensar em um nome melhor.


*:・゚✧*:・゚✧ O que é? *:・゚✧*:・゚✧


Como muito do que leio vem de bibliotecas, decidi usar esse espaço que tenho na internet para promovê-las falando sobre os livros que pego e tentando de alguma forma, mostrar que nelas existem muitos livros legais e inesperados. É a maneira que encontrei de promover a literatura sem entrar na mesma falácia comercial, e muitas vezes elitista, que vemos por ai.


*:・゚✧*:・゚✧ Como vai ser? *:・゚✧*:・゚✧


Não consigo planejar dias certos para as postagens, mas sempre que eu terminar alguma leitura vinda de biblioteca vou postar aqui e no Instagram do projeto (@rbiblioteca) sobre o que falam os livros e como foi a experiência de lê-los. Lá no Instagram também pretendo utilizar as ferramentas do stories e do IGTV para conversar durante as leituras.

O hábito de ler é algo que consome tempo e energia, além de ser muito solitário e pouco incentivado, mas se com esse projeto eu conseguir chamar atenção de pelo menos uma pessoa para o mundo da literatura sem precisar entrar naquele debate privilegiado que a grande bolha literária costuma cair, já vou estar feliz. Espero que gostem, sigam o Instagram e me ajudem nessa. Quem sabe mais pra frente isso não se torne algo bem maior?



P.S: “Mas é só separar um dinheirinho que dá pra comprar um livro por mês”, que bom que na sua casa isso é possível, mas na minha e na de muitos outros brasileiros gastar dinheiro com entretenimento é um luxo.
“O Kindle Unlimited é baratinho”, o que é barato pra você, pode não ser pro outro.
“Eu compro livros com o dinheiro que nem tenho”, se tá comprando é porque tem sim.
PAZ.

Só acontece comigo #73


Cada dia que saio de casa tenho a certeza de que se nada de estranho acontecer, só pode ser um aviso prévio da vinda do apocalipse, porque olha, não é possível tanta situação aleatória com uma única pessoa (o número 73 ali no título demonstra bem o que eu quero dizer).

A saída em questão aconteceu porque fiz uma venda pelo Enjoei (vocês já conhecem minha loja no Enjoei? Pois deveriam) e precisei ir aos Correios postá-la. Já é algo que estou acostumada a fazer então sempre saio munida do meu papel kraft pra embrulhar o que preciso. 

Cheguei e tudo estava tranquilo, comecei a embrulhar o pacote e preencher as coisas necessárias e percebi que eu deveria estar mostrando demais que sabia o que estava fazendo porque mais de uma pessoa veio se informar comigo, uma delas, em especial, se aproximou dizendo:

-- Moça, precisa embrulhar pra postar?
-- Ah, precisa, é pra proteger durante a viagem...
-- O meu é um perfume bem pequeno, tá numa caixinha, será que precisa?
-- Ele tá muito exposto?
-- Não.
-- Ah, acho que não precisa não...

Um diálogo normal, a moça agradeceu e saiu, e eu continuei com minhas habilidades de embrulho. Um tempo depois, estou concentrada cortando durex quando minha visão periférica nota uma movimentação do meu lado direito. Era a moça? Era. Fazendo o quê? PEGANDO MEU PAPEL KRAFT PRA EMBRULHAR O TAL PERFUME. 


Eu prefiro acreditar que ela achou que fosse da agência e não meu. Só sei que ela não perguntou nada, eu não consegui reagir e fiquei ali olhando com cara de paisagem, a senha dela foi chamada logo em seguida e ela desistiu de embrulhar deixando o papel em cima da mesa. Talvez eu tenha guardado tudo na mochila bem depressa, não confirmo nada. 

Ah, depois de uns bons quinze minutos nessa de esperar ser atendida + fazer embrulho + ser trouxa e ficar olhando a injustiça acontecer, quando cheguei no caixa fui recebida com a notícia de que o sistema não estava funcionando e só envios que não fossem de sites estavam sendo feitos. Quase perdi meus 0,99 centavos em papel kraft e ainda perdi minhas duas passagens de ida e volta até lá. Agora só restam mais duas no cartão pra eu passar até o fim do ano. Ou até entrar na faculdade e conseguir o passe livre. Ou até eu arrumar um emprego. 


Be bostra as ibagens: Junho de 2018.

O bom de ter começado o projeto de mensalmente postar fotos aqui e de ter adotado a Paçoca em Maio, é conseguir acompanhar ainda mais o crescimento dela, já que quando a gente convive com o bichinho é sempre mais difícil notar as mudanças. Olhando pras fotos atuais, nem acredito que um dia ela já foi uma bolinha de pelo que não conseguia andar sem desequilibrar. 


No sentido horário: Paçoquinha em sua soneca da tarde; Paçoca, a primeira de seu nome, fazendo dengo com a patinha; Paçoca sendo leitora voraz, e por último, Paçoca brincando.

BÔNUS: PATINHAS FOFAS.


Flipop.


Fui convidada pra Flipop, e como comentei no post especial, tive momentos bem legais por lá.


Poor Journal. 


Desde o ano passado mantenho minha adaptação do Bullet Journal: o Poor Journal, especial pra pessoas que assim como eu jamais irão gastar dinheiro que não possuem com cadernos da Cícero e canetas em tons pasteis. Gostei tanto da minha capa para o mês de Junho, que resolvi compartilhar aqui.


Por hoje é só, até o próximo mês!

Flipop!

Imagem de divulgação da Editora Seguinte. 
A Flipop -- Festival de Literatura Pop --, aconteceu em São Paulo no último fim de semana (de 29 de Junho a 1 de Julho), reunindo escritores, leitores e todos que de alguma forma se envolvem com a literatura "young adult". Essa foi só a segunda edição do festival idealizado e organizado pela Diana, e desde o ano passado eu gostava de dar uma conferida nas mesas e nos convidados confirmados só pra passar vontade mesmo. Cerca de uma semana antes do evento, começaram a surgir alguns sorteios pra ingressos, e como sou pobre apenas uni o útil ao agradável (ser pobre não é nem útil, nem agradável, mas vocês entenderam), e participei de todos... Pra não ganhar nenhum. 

Mas se a Diana já mostrava ser uma ótima pessoa por ter todo o cuidado de realizar um evento direcionado para uma área literária que no Brasil ainda é bem deixada de lado, só mostrou ainda mais o quanto é maravilhosa quando me enviou um e-mail me convidando pra ir ao evento. Diana, nem todos os obrigadas do mundo seriam capazes de mostrar o quão feliz fiquei!

No dia 29 fui com a cara e a coragem enfrentar minha primeira vez em um evento literário sem nenhum acompanhante, e tive um total de zero arrependimentos. Não consegui ir aos três dias, porque no domingo tinha uma prova pra fazer, mas acompanhei algumas coisas na sexta e no sábado que foram muito valiosas. 

Logo na entrada recebíamos um kit com alguns marcadores, INGRESSO PRA BIENAL, brindes, INGRESSO PRA BIENAL.


Às 14:45 assisti ao bate-papo "Livros como profissão", com Ale Kalko (designer), Bruno Anselmi Matangrano (pesquisador), Guilherme Miranda (tradutor), Priscilla Sigwalt (Turista Literário) e mediação de Iris Figueiredo, autora de Céu Sem Estrelas. A discussão foi bem interessante pra quem acompanha as editoras nacionais e sabe como ainda é um mercado difícil por aqui, já que somos uma das populações que menos tem acesso a literatura. 

Como divulgação do livro Tiger Lily, a editora Morro Branco distribuiu nos kits essa mini garrafa com pó de pirlimpimpim, uma gracinha!


No sábado consegui acompanhar mais mesas. Às dez da manhã estava assistindo ao "Livro ao vivo: ambientação", com Samir Machado de Machado, autor de Tupinilândia e Vitor Martins, de Um Milhão de Finais de Felizes, com mediação de AJ Oliveira e Jana Bianchi, que participam do podcast Curta Ficção. Nos três dias a mesa "Livro ao vivo" iria acontecer com diferentes convidados e temas que partiam da criação de personagens, ambientação, e no domingo, o conflito do enredo. Foi muito divertido e bem aberto pra participação do público nas criações, que chegaram até em um búfalo que pode falar, mas tem uma dona surda que não percebe nada de diferente nele. 

Da esquerda para a direita: AJ Oliveira, Vitor Martins, Samir Machado de Machado e Jana Bianchi. 
Às 11:30 consegue assistir ao bate-papo "Os horizontes do YA", pelas editoras Morro Branco e Plataforma 21, com participação dos escritores Bruna Miranda, Jim Anotsu, May Sigwalt e mediação da incrível Cláudia Fusco. Acho que das que tive a oportunidade de ver, essa foi a melhor discussão. Foi ótimo ouvir sobre como o youg adult tem cada dia abordado mais temas necessários, que muitas vezes são ignorados por outros segmentos da literatura, e perceber o quanto as raízes do preconceito literário com os livros que fazem parte do YA é sem sentido, até porque a proposta de abordar o cotidiano jovem já estava presente em muitos livros hoje considerados clássicos. 

Além de tudo isso, consegui dois livros como cortesia: Maze Runner: O Código da Febre e Grandes Mulheres que Mudaram o Mundo (livro lindo demais, todo ilustrado).


Mesmo não conseguindo ficar tanto como queria, e sem poder ir no domingo, foram dois dias muito legais. Recomendo demais estar presente na próxima edição!

EU TO RIIIIIIIIIIIIIIIIIIICAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA DE MARCADOREEES!!!
© Limonada
Maira Gall