2018: o anti-herói.




Na ficção o anti-herói é aquele que apesar de possuir certo protagonismo no enredo não vai salvar ninguém além dele mesmo e não será o responsável por beijos românticos na chuva, ou seja, o anti-herói é o ano de 2018 personificado.

Se for pra ser honesta, não posso dizer que foi um ano impossível, mas mexeu em tantas feridas, antigas e recentes, que quando não me deixou paralisada pela dor, me tornou incapaz de entendê-la e senti-la ao mesmo tempo, o que só a intensificou, e a falta de tal entendimento torna até o ato de escrever sobre tudo isso difícil demais.

Foi ano de perder muito e não conseguir ver o copo meio cheio. Na verdade, em uma metáfora, foi como se a pouca água do copo tivesse ficado exposta à temperatura de ebulição, levando o vidro a ficar todo embaçado, impossível de enxergar o outro lado: todo o meu segundo semestre é como um borrão.

Vi tudo o que construí de 2016 para cá, pra mim e pros outros, tornar-se nada. Não sei mais quem sou e nem quais são as subjetividades que me tornam um todo, não consigo entender se tenho um lugar para ocupar e um propósito a seguir. Sei quem fui e o que fiz e não fiz, mas em momento algum entendo o presente, e isso me assusta, porque o atual momento parece ser tudo o que tenho justo agora que não o reconheço.

Li e escrevi mais do que em qualquer outro ano, e ainda estou tentando reprogramar minha mente para outro modo de ver esse consumo de palavras um pouco desenfreado. Sei que só aconteceu porque eu precisava me inserir em contextos que não fossem minha realidade, mas ao invés de fazer disso algo ruim, quero olhar pra todos os livros lidos e tudo o que por mim foi escrito sabendo que nesse ano as palavras – mesmo quando gritadas e reverberadas apenas na minha mente -- me salvaram, assim como já fizeram tantas outras vezes.

Encontrei e desencontrei o amor em suas diferentes formas. O encontrei quando adotei uma cachorrinha que na época, com quarenta e cinco dias, era uma bolinha dorminhoca e chorona, e hoje, oito meses depois, é a alegria da casa; o encontrei quando pelo meu bem decidi tirar completamente da minha vida uma amizade cuja via não era de mão dupla; quando aceitei e pedi desculpas; quando reencontrei amigos depois de muito tempo e mesmo com tantas mudanças ainda me peguei desejando revê-los; quando pedi pra ser vista em um momento difícil e realmente fui, indo parar até em outro Estado por causa desse pedido, e o desencontrei, até doer e virar um choro desesperado de quem pelo amor pede pra que não doa mais, não em mim. Mas doeu, e ainda dói se me concentro em só pensar nisso. Não quero mais pensar, quero ser amada sem ter que amar de novo. Egoísta, eu sei, assim como foi todo acontecimento do meu 2018, que me ensinou a ser da mesma forma que ele: egoísta, não no sentido cru da palavra, mas naquele que se refere principalmente a fazer de si a prioridade, porque agora, enquanto escrevo, sei que estou sozinha e sou responsável por todos esses encontros e desencontros, cujas consequências apenas eu vou carregar, e tentar abraçar a todos que me cercam, por esse motivo, não vai funcionar.



Até ano que vem, um pouco menos confusa e dolorida, espero.

Ame O que é Seu | Rata de Biblioteca


Sabe aquela amiga que ainda nem esqueceu o ex namorado, mas mesmo assim inicia outros relacionamentos amorosos enquanto você olha pra tudo balançando a cabeça em negativa? Ame o que é Seu, da Emily Giffin, é um livro todinho sobre essa sua amiga aí (ou será que a amiga, no caso, é você?).

Ellen, a personagem principal, ainda está no início do seu casamento com Andy, e tudo ocorre de maneira perfeita entre eles. Moram em um apartamento em Nova York, mesma cidade onde se conheceram -- a irmã do Andy foi colega de quarto, e consequentemente, melhor amiga da Ellen durante a faculdade --, estão no caminho que precisam para suas respectivas profissões, a de Andy, advogado em um escritório, a de Ellen, fotógrafa autônoma, e vivem um casamento realmente feliz. 

No entanto, é em um dia comum que Ellen encontra por acaso seu amor do passado, Leo, em um cruzamento, e um único olhar trocado entre eles parece despertar nela tudo o que por oito anos esteve muito bem guardado, desde o fatídico dia em que o cara simplesmente pareceu não estar mais no mesmo momento que ela e aceitou o término da relação. Ela entra em um café para fugir da chuva e da confusão que sua mente se torna, e se existia alguma dúvida daquele rapaz ser ou não seu ex namorado, ela é totalmente sanada quando um número envia à seu celular uma mensagem: "Era você mesmo? Leo". Entre ignorá-la e ter a oportunidade de mostrar a ele que o superou, Ellen escolhe por respondê-la e acaba frente a frente com o ex no café, enquanto faz o possível para que ele note sua aliança no dedo anelar e pergunte sobre sua atual vida, para que ela possa mostrar o quão feliz está sem ele. 

Por essas e outras, mesmo depois de já tê-lo lido, ainda não sei se defendo ou não o lado da principal. QUE NERVOSO, ELLEN! "Mas foi só um café, nada demais", vocês pensam. Na-na-ni-na-na-não, meus queridos, Leo é Jornalista, e tem a incrível ideia de convidar Ellen para ser a fotógrafa de uma matéria que irá fazer com um artista. Para essa matéria, os dois teriam que viajar até Los Angeles. Sem que o Andy saiba, é claro. Já deu pra entender a besteira, né?

Como toda confusão ainda não é pouca, a proposta surge justo quando o que era doce, se torna amargo -- para Ellen, pelo menos. Andy surge com a ideia de pedir demissão do escritório e voltar para sua antiga cidade, já que lá pode se juntar com seu pai, também advogado, e comprar sua tão sonhada casa espaçosa, com direito a começar a planejar os filhos, por que não? Por incrível que pareça, nessa história o marido é mesmo um cara legal, todas essas propostas são feitas, mas ele deixa bem claro que só irá se Ellen concordar. 

O que para Andy é visto como normal, já que fez parte da sua infância, para Ellen é processado de forma mais lenta. Ela perdeu sua mãe ainda muito nova, veio de uma família simples, o que é o completo oposto da família de seu marido, e sempre viu em Nova York o futuro para toda sua vida. Diante de tudo isso, ela faz aquilo que acha capaz de provar que todos os pensamentos sobre ainda querer tentar algo com Leo são pura auto sabotagem. É, ela faz tudo o que ela não queria só pra acreditar que está muito bem com Andy. Você também quer dar uns tapas nessa mulher? Porque eu quis. 

Baseado em muitos "e se?", o livro é ótimo para dias em que você só quer ler automaticamente e talvez odiar personagens fictícios também. O que acontece com Ellen, Andy e Leo é um segredo que só quem ler vai saber.

*:・゚✧*:・゚✧ POR QUE LER UM ROMANCE "chick lit"? *:・゚✧*:・゚✧


Chick lit são sempre ótimos quando tudo o que a gente quer é esquecer o mundo real e se jogar em histórias que não nos façam sentir nada além de acalento. Além disso, a escrita da Emily Giffin facilita muito o processo.

*:・゚✧*:・゚✧ POR QUE NÃO LER UM ROMANCE "chick lit"? *:・゚✧*:・゚✧


Nem todo mundo gosta dos clichês presentes em grande parte deles, e talvez a temática do casamento não agrade pessoas mais acostumadas com young adults. 

  • Pra quem é dos filmes: O Noivo da Minha Melhor Amiga, aquele que sempre passa na Sessão da Tarde, é baseado em um livro da autora;
  • Pra quem é das curiosidades: a escritora é formada nos cursos de Direito e Inglês e HIstória. 
Em um quote:


“[…] não é preciso falar com uma pessoa para pensar nela… e saber o que se passa com  ela, de vez em quando.” 


Be bostra as ibagens: Novembro de 2018.

Lembram quando no Be Bostra as Ibagens passado, eu disse que o próximo certamente não teria muitas fotos? Bom, eu estava certíssima. Porém, apesar de não ser nenhuma visita à Curitiba, as fotos desse mês conseguem ter significado em cada detalhe, o que no fim de tudo é o exato propósito da fotografia, e consequentemente, desse tipo de post para mim. 

Mimos, tá meninas?



Tenho um grupo chamado Blogueiras Pobres, com a Manu do Beyound Cloud Nine, e a Natalia, do Lapsos, que serve basicamente pra jogarmos todas as nossas revoltas de pessoas pobres&blogueiras na rodinha. Em um dia entramos no assunto ebooks e mercado literário -- a gente costuma falar bastante sobre isso, porque como pessoas pobres, achamos um absurdo determinados preços, como é de se imaginar --, e papo vai, papo vem, Natalia comentou que tinha um Kindle sem uso em casa e quando dei por mim já estava recebendo o carteiro no meu portão com a entrega. SEI LÁ, TER AMIGAS É UM NEGÓCIO DOIDO! Além de tudo ela me mandou uma cartinha, e esse livro do Anthony Marra, porque lembrou de mim com uma passagem dele, e ainda a grifou!!! JÁ FALEI QUE TER AMIGAS É UM NEGÓCIO DOIDO? Fiquei muito feliz com todo o carinho e com o fato de estar recebendo uma carta, me senti muito querida e cuidada por saber que alguém tirou um tempinho do seu dia pra me escrever, e o tanto de coisa que eu já li nesse Kindle, que maravilha essa invenção, minha gente! Ano passado, como comentei aqui, a Manu também me presenteou com uma edição de O Admirável Mundo Novo, e olha, eu não vejo a hora de ter um emprego, pra ter como mimar minhas amigas que moram em Estados distantes também. Ainda bem que no meio dessa internet toda a gente se encontrou, amo vocês duas!

Uma escrivaninha?



Lá em 2015, quando comecei minha jornada pelos cursinhos pré-vestibular da vida, meu pai me presenteou com uma escrivaninha. PORÉM, como é da minha vida que estamos falando, a mesma foi comprada pela internet, e por isso não tinha ninguém minimamente capacitado para montá-la. A coisa ficou toda bamba, é uma madeira bem frágil, a gaveta vive caindo, então eu simplesmente deixei de insistir e continuei estudando ou na mesa da cozinha, ou fora de casa. A escrivaninha, no fim, é uma estante-não-estante para os meus livros, e como nesse dia aí eu tinha arrumado meu quarto, quis registra-la numa foto pra lembrar que nem sempre tudo vai ter o propósito que pensávamos, mas que sempre dá pra contornar a situação e fazer o melhor possível com ela. Eu tenho dessas de ver filosofia ruim em cada canto da vida, vocês me perdoem. 

Meu lugar no mundo.



A biblioteca municipal da minha cidade é basicamente meu cantinho no mundo. De todos os lugares possíveis, é lá que sempre vou quando preciso organizar as ideias ou sentir que algo dentro de mim ainda existe. Dia desses, em uma das minhas visitas à ela, notei que haviam plantado esse canteiro de flores da foto. Foi simbólico pra mim por eu estar entrando em uma nova fase da vida e tentando MUITO me redescobrir. Pensei que se meu lugar favorito sofre mudanças e continua me pertencendo tanto quanto antes, nada mais justo do que me reinventar e descobrir que ainda sou completamente minha. As filosofias baratas, elas não param. 

Paçoca, a primeira de seu nome.



Paçoca continua sendo uma caixinha de surpresas peluda. Nunca imaginei que adotar um bichinho iria mudar tanto minha vida -- e sempre pra melhor. De todas as decisões que já tomei, ter escolhido essa bolinha de pelos que cabia em uma só mão na feira de adoção foi a melhor delas. Fala se não é a fuça mais linda desse mundo?

Apesar de essas fotos ainda serem de Novembro, esse é o último Be Bostra as Ibagens de 2018. Ano que vem volto aqui pra falar sobre Dezembro. Espero vocês nessa viagem pelo tempo. 

Leituras do I semestre/2018 + CUPOM DE DESCONTO EM LIVROS!


Chegou o momento do ano em que eu começo a olhar em retrospecto para os livros lidos. Sentem em cadeiras confortáveis, hoje vamos falar sobre todos os livros do primeiro semestre de 2018.

|Janeiro|

Assassinato no Expresso do Oriente - Agatha Christie. 🌟 Livro encontrado em biblioteca. 🌟

Comecei o ano lendo Agatha Christie pela primeira vez e bom... Eu não gostei. Não estou dizendo que a escrita dela é ruim ou que o livro em questão não é bom, eu apenas não consegui gostar. Achei muito parado, e antes da metade do livro eu já desconfiava do desfecho. Pretendo dar uma segunda chance para a escrita da Agatha no futuro, mas não foi dessa vez.

Na Praia - Ian McEwan. 🌟 Livro encontrado em biblioteca. 🌟

Assim como com a Agatha Christie, nunca tinha lido nada do Ian McEwan, mas sabia da sua boa reputação no meio literário, e depois de ler um texto sobre "Na Praia" em um blog que hoje está desativado, o procurei na biblioteca e decidi formar minhas própria opinião, e acabei saindo da leitura em pedacinhos. Um casal de recém casados decidem passar sua lua de mel em uma praia da Inglaterra, e aquele momento simboliza a perda da inocência, a transformação de uma vida mais irresponsável para uma em que são eles quem decidem tudo por si, e o final acaba não sendo dos melhores. É um livro dolorido da primeira à última página, mas não deixou de ser um dos melhores do ano. 

Desventuras em Série II: A Sala dos Répteis - Lemony Snicket. 🌟Livro encontrado em biblioteca.🌟

UM DIA EU IREI TERMINAR TODA A SÉRIE DE DESVENTURAS, MAS NÃO VAI SER NESSE ANO AINDA. Pra quem já leu, ou acompanha a série da Netflix, sabe que apesar de ser um livro infanto-juvenil, o que o torna de certa forma uma leitura fácil, os acontecimentos são demorados, e ter pique pra ler um livro atrás do outro é complicado. No entanto, não tenho nenhuma reclamação a fazer.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry Potter e as Relíquias da Morte. - J.K Rowling.

Passei um ano inteiro me dedicando a ler a série de Harry Potter completa, e terminá-la em Janeiro desse ano foi um dos momentos mais marcantes da minha vida como leitora, já que quando era pequena, era proibida de ler a série porque continha bruxaria -- pais religiosos, sabem como é --, então só assisti aos filmes e admirava o universo de um jeito meio oculto. Acho que a única coisa que consigo dizer sobre o último livro é que Dumbledore merecia mais. 

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha.

Livro já resenhado no blog.

*Em Fevereiro não houveram livros lidos.*

|Março|

Wide Window: Desventuras em Série III - Lemony Snicket. 🌟 Livro encontrado em biblioteca.🌟

Comecei um curso de inglês em uma ONG nesse ano, e como forma de complementar meu aprendizado, decidi começar a ler na língua. Aproveitei que já estava com Desventuras em Série em andamento, e escolhi o terceiro livro para iniciar minha jornada bilíngue. Inclusive, recomendo a série para quem também quer começar a ler em inglês, ajuda bastante!

D.U.F.F - Kody Keplinger. 

Falei mais sobre o livro aqui, mas não recomendo pra ninguém. 

A Parte que Falta - Alipio Correia e Shel Silverstein.

Depois do vídeo da Jout Jout, acredito que eu e a internet toda lemos, certo?

|Abril|

Nimona - Noelle Stevenson. 

Fiquei uns bons aninhos desejando essa Graphic Novel, mas o preço dela sempre foi caro pro meu bolso, até que encontrei uma moça no Twitter vendendo-a por quinze reais e senti que só podia ser um sinal do universo mostrando que a minha vez tinha chegado. 

"Nimona é uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão.

Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo. 

Uma história subversiva e irreverente que mistura magia, ciência, ação e muito humor sobre camadas e mais camadas de reflexão – entre uma batalha e outra, é claro."
As ilustrações são lindas e muito coloridas, o enredo sobre se permitir deixar o passado pra trás e tornar-se alguém melhor, perdoando a si e aos outros é mais incrível ainda. Foi minha primeira Graphic Novel, e sem dúvidas não poderia ter sido melhor. 

Agência Nº 01 de Mulheres - Mr. McCall Smith. 🌟 Livro encontrado em biblioteca.🌟


Primeiro de uma série de quinze romances policiais com a protagonista Preciosa Ramotswe, uma detetive que se arrisca abrindo uma agência em sua cidade natal, Gaborone, capital de Botsuana, com a herança que recebe do pai. Confesso que quando o peguei estava mais atraída pela ideia de uma agência com mulheres detetives -- e pelos detalhes da capa --, e nem me preocupei em saber muito sobre a história, mas o lendo, encontrei um livro mais interessante do que imaginava, com uma mulher acreditando em si e deixando de lado aqueles que a desincentivam, além do fato de a história ser localizada em Botsuana, o que foi uma surpresa. Queria continuar lendo os outros da série, mas não os encontrei na biblioteca local, quem sabe no futuro.

|Maio|

Emma - Jane Austen (versão resumida da Penguim, para iniciantes em leitura na língua inglesa). 🌟 Livro encontrado em biblioteca.🌟

Na ONG em que faço o já citado curso de inglês, os alunos podem retirar alguns livros emprestados. Encontrei Emma, da Jane Austen, e por ser da Jane não pensei duas vezes antes de pegar. Recomendo livros de edição semelhante lançados pela Penguim, no entanto, Emma foi sem dúvidas o meu livro menos preferido da Austen. Não consigo gostar da personagem, fazer o quê?

|Junho|

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde. 🌟 Livro encontrado em biblioteca.🌟
Primeiro livro do Projeto Rata de Biblioteca, cujo post pode ser lido aqui.

Mulherzinhas - Louisa May Alcott. 🌟 Livro encontrado em biblioteca.🌟

Fazia muuuuito tempo que eu namorava a edição de Mulherzinhas disponível na biblioteca que frequento -- capa dura, vermelha, detalhes em dourado, LINDO DEMAIS --, mas tinha medo de lê-lo porque existe um episódio de Friends em que ele é citado muitas vezes, e eu já sabia qual seria o fim da história graças à série. Porém, não sabia que existiam dois livros, e que esse primeiro não era exatamente como eu achava. O livro conta a rotina de um grupo de irmãs que vivem com a mãe enquanto o pai foi servir na guerra, e apesar de ser considerado um clássico, é como ler um young adult de séculos passados: as preocupações e motivações obviamente não são as mesmas do que as atuais, mas por seu enredo ser todo focado na vida e nos pensamentos de meninas tão novas, é como ler um livro para jovens leitores. Se tornou um dos meus favoritos, e não vejo a hora de encontrar a continuação (não tem na biblioteca que vou, porque a vida é injusta). 

Total de livros lidos: 14
Livros emprestados de bibliotecas: 08
Livros comprados: 01
Livros emprestados de outras pessoas: 02
Ebooks: 03

Para comprar qualquer livro citado aqui, você pode usar meu link da Amazon ou do Submarino. Assim, uma comissão da sua compra é enviada ao blog sem que você pague nada a mais por isso.

VOCÊ DISSE: CUPOM DE DESCONTO EM LIVROS?


O site cupomvalido.com.br também tem cupons em mais de uma loja para livros. Pra consegui-los é fácil: basta clicar no link de sua preferência dos que vou deixar aqui em baixo, copiar o código que o site vai fornecer, e usá-lo nas suas comprar antes de finalizar o pagamento.


Quanto às leituras do segundo semestre: aguardem o ano que vem para maiores informações.

I lost myself again, but I remember you.



Em um primeiro momento estou voltando de um comércio do bairro embaixo da chuva, sem sombrinha, porque minha casa é perto e porque a janela tinha ficado aberta. Enquanto eu corria a chuva me deixava sem ar e a água pegava cada vez mais o espaço que restava entre meu tênis e meu pé, e ao mesmo tempo em que era gostoso sentir cada parte minha molhada, era ruim tentar lutar contra um tipo de natureza para a qual o corpo humano não é totalmente adaptado. Quando entrei em casa, depois de fechar a janela, eu poderia ter feito muitas coisas. Poderia ter tirado os tênis, as roupas encharcadas. Poderia ter tomado um banho quente. Mas a primeira coisa na qual pensei, e a primeira coisa que fiz, foi pegar meu celular e tirar uma foto do meu estado para te mandar com alguma piada ruim, que eram as únicas que nós dois sempre ríamos. Por algum motivo que na época nos levou a isso, mas que hoje sei que não possuía importância nenhuma já que sequer lembro o que era, quando abri nossas mensagens não pude enviar a foto, porque estávamos brigando. Você ficou sem falar comigo por dias, queria resolver pessoalmente. Eu queria te ver o quanto antes. O dinheiro não permitiu que fosse logo. Nós nunca nos vimos.

Era domingo e a vontade de dividir coisas com você era maior que qualquer orgulho. Da minha parte, pelo menos. Se eu soubesse o que aconteceria, se soubesse ao que aquela conversa nos levaria, jamais teria falado nada. Você tinha um ponto, eu tinha outro, se juntássemos os dois seriam dois pontos, que na gramática podem ser usados para introduzir uma explicação, o que nos levaria a um acordo, mas o seu ponto continuou sendo só seu, assim como o meu nunca deixou de me pertencer, e em segundos a mensagem que perguntava se alguma coisa minha estava na sua casa pra ser devolvida chegou. Eu estava sentada na cama com as luzes apagadas e o celular na mão, a tela dele se apagou e eu não vi mais nada. 

No segundo momento eu estou te devolvendo seu violão e não consigo te olhar. Tudo o que eu vejo são seus pés e suas mãos. Você vai embora, eu choro na frente de pessoas que não sabem nada sobre nós. Foi a última vez que não te olhei.

Em um terceiro momento muitos meses já se passaram e muito já foi dito, mas ainda assim eu queria falar mais. Não falo. Te pergunto se deixo a mochila na portaria. "Não faço questão". Por quanto tempo ainda vou me perguntar o que essa frase envolve é algo que não posso responder. Quando o carro entra no seu bairro não sei diferenciar o que é meu batimento cardíaco do que é a sensação de frio na barriga. Eu entro na portaria. Digo o bloco, o apartamento e meu nome. A moça me chama de Tati com um som que parece uma lamentação. Me pergunto se está escrito no meu olhar que aquilo é um fim. Me viro e fecho o portão. Não te vi. Por todas as ruas e todos os pontos de ônibus que o carro passa, procuro te encontrar. Não te vejo. Eu nunca mais vou te ver.

O momento seguinte é entre todos os anteriores. Eu estou na Paulista sozinha, resolvendo alguma coisa, e eu desço na estação Brigadeiro, a mesma com a rede de fast-food que comemos juntos na área externa uma vez. No caminho de volta passo em muitos pontos da avenida e em todos eles eu posso te enxergar. Todos eles estão no passado. Eu nunca mais vou te ver.

Em Janeiro de 2017 nós nos vimos. E naquele dia do passado sempre vai existir uma versão minha encolhendo os braços de uma maneira estranha quando você me encarou por muito tempo depois de algo que eu disse pro nosso grupo de amigos; uma versão nossa sentados lado a lado dizendo que a carteira é como um órgão fora do corpo; uma versão nossa que seria o inicio pra tudo que fomos.

Não somos mais.
© Limonada
Maira Gall